Todos aqueles professores que optam pelo uso de filmes como recurso didático devem estar atentos aos possíveis problemas que poderão ter com a chamada licença poética. Afinal, diretores de cinema não são historiadores.É óbvio que o filme enquanto recurso audio-visual tem um impacto enorme nos estudantes. Os filmes realmente ajudam os alunos a criar uma noção mais concreta do período histórico estudado. Não obstante, cabe ao professor faze-los compreender que as versões apresentadas nos filmes muitas vezes são romanceadas e nem sempre condizem com a realidade e com os acontecimentos históricos.Tomo como exemplo o filme de animação Anastácia. O longametragem da 20th Century Fox produzido e dirigido por Don Bluth e Gary Goldman, trata da queda do Tzarismo na Rússia. A personagem principal é a princesa russa Anastásia. O filme conta a história da fuga de Anastásia e sua avó durante a tomada do palácio imperial pelos bolcheviques. Ambas saem por meio de uma passagem secreta na parede do palácio ajudadas por um menino que era um dos criados e correm para a estação de trem. Cercadas de aristocratas e da elite social que também tentavam fugir das forças bolcheviques que se tinham apoderado de São Petersburgo, Anastásia separa-se de sua avó, mas corre para alcançá-la já no trem em movimento, acaba sendo derrubada e bate com a cabeça no chão perdendo a memória e indo parar num orfanato.Aos dezoito anos ela deixa o orfanato e com o desejo de reencontrar sua família, volta a São Petesburgo onde conhece Dimitri e Vladímir, dois sujeitos que tem por objetivo levar uma impostora como sendo a verdadeira Anastasia para Paris afim de receber a recompensa que a avó da menina estava oferecendo para que a encontrasse. Assim, tem início a jornada de Anastácia para reencontrar sua avó.Embora o desenho seja uma belíssima produção, apresenta muitos problemas quando comparamos a versão romanceada com a os fatos ocorridos na Rússia no início do século:Primeiramente, o desenho situa os acontecimentos no ano errado (1916 e não 1917). O propósito da revolução também é totalmente distorcido já que no filme o autoritário Tzar Nicolau II é transformado em um bondoso Tzar injustiçado e amaldiçoado pelo maldoso e cruel Rasputim. A Revolução Socialista teria sido na versão dos autores o resultado da magia negra. Uma maldição proferida por um traidor capaz de vender a sua alma por vingança. Terrível não?Devemos nós professores então banir filmes como esse dos nossos planejamentos? Eu acredito que não. Obras cinematográficas que mostram diferentes versões para a História são uma ótima pedida para quem procura incentivar o debate em sala de aula. O importante é sempre ter um proposito em mente quando exibir os filme e obviamente apresentar aos alunos as diferentes pontos de vista e os pontos de divergência entre as versões. Os resultados são surpreendentes.Mariana C. Cordeiro
sábado, 27 de junho de 2009
Anastásia - Revolução Russa
Todos aqueles professores que optam pelo uso de filmes como recurso didático devem estar atentos aos possíveis problemas que poderão ter com a chamada licença poética. Afinal, diretores de cinema não são historiadores.É óbvio que o filme enquanto recurso audio-visual tem um impacto enorme nos estudantes. Os filmes realmente ajudam os alunos a criar uma noção mais concreta do período histórico estudado. Não obstante, cabe ao professor faze-los compreender que as versões apresentadas nos filmes muitas vezes são romanceadas e nem sempre condizem com a realidade e com os acontecimentos históricos.Tomo como exemplo o filme de animação Anastácia. O longametragem da 20th Century Fox produzido e dirigido por Don Bluth e Gary Goldman, trata da queda do Tzarismo na Rússia. A personagem principal é a princesa russa Anastásia. O filme conta a história da fuga de Anastásia e sua avó durante a tomada do palácio imperial pelos bolcheviques. Ambas saem por meio de uma passagem secreta na parede do palácio ajudadas por um menino que era um dos criados e correm para a estação de trem. Cercadas de aristocratas e da elite social que também tentavam fugir das forças bolcheviques que se tinham apoderado de São Petersburgo, Anastásia separa-se de sua avó, mas corre para alcançá-la já no trem em movimento, acaba sendo derrubada e bate com a cabeça no chão perdendo a memória e indo parar num orfanato.Aos dezoito anos ela deixa o orfanato e com o desejo de reencontrar sua família, volta a São Petesburgo onde conhece Dimitri e Vladímir, dois sujeitos que tem por objetivo levar uma impostora como sendo a verdadeira Anastasia para Paris afim de receber a recompensa que a avó da menina estava oferecendo para que a encontrasse. Assim, tem início a jornada de Anastácia para reencontrar sua avó.Embora o desenho seja uma belíssima produção, apresenta muitos problemas quando comparamos a versão romanceada com a os fatos ocorridos na Rússia no início do século:Primeiramente, o desenho situa os acontecimentos no ano errado (1916 e não 1917). O propósito da revolução também é totalmente distorcido já que no filme o autoritário Tzar Nicolau II é transformado em um bondoso Tzar injustiçado e amaldiçoado pelo maldoso e cruel Rasputim. A Revolução Socialista teria sido na versão dos autores o resultado da magia negra. Uma maldição proferida por um traidor capaz de vender a sua alma por vingança. Terrível não?Devemos nós professores então banir filmes como esse dos nossos planejamentos? Eu acredito que não. Obras cinematográficas que mostram diferentes versões para a História são uma ótima pedida para quem procura incentivar o debate em sala de aula. O importante é sempre ter um proposito em mente quando exibir os filme e obviamente apresentar aos alunos as diferentes pontos de vista e os pontos de divergência entre as versões. Os resultados são surpreendentes.Mariana C. Cordeiro
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